O terceiro episódio do Enase Talks aconteceu no dia 22 de julho, com a participação de Luiz Augusto Barroso (Presidente da PSR) e Marcelo Prais (Diretor de TI, Relacionamento com os Agentes e Assuntos Regulatórios do ONS). Nessa conversa, falou-se sobre Operação, Mercado e Tecnologia.
Marcelo Prais disse ao público que na vertente regulamentação do sistema, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) está implementando uma governança de gestão de assuntos regulatórios, que permitirá ao ONS uma capacidade de gestão maior nesta área.
Quanto à operação e mercado, o Brasil está em transição na sua matriz energética. Há 20 anos a matriz era constituída basicamente de fontes hidráulicas, complementada por fontes térmicas com o CVU alto e, consequentemente, a demanda de energia do país era atendida basicamente por geração hidráulica.
Tem havido ondas de diversificação na matriz energética com projetos de térmicas mais competitivas e geração eólica e solar vencendo os leilões A-3 e A-5, além do aumento do mix entre geração centralizada e distribuída. Como resultado, os desafios para a operação do sistema elétrico ficam mais complexos, com a perda da regularização da geração hidráulica e a intermitência na geração das fontes eólica e solar.
Em algum momento no futuro a carga dobrará no Brasil e conviveremos com uma matriz energética bem diferente da que temos hoje. Haverá 85% de renováveis (aproximadamente 40% de hidrelétricas, 45% renováveis não convencionais), maior representação das térmicas a gás etc. A dúvida que se coloca é: este sistema ficará de pé em termos de operação? Marcelo Prais afirmou que do ponto de vista da operação elétrica esse sistema fica de pé.
Luiz Barroso disse que o Brasil já necessita hoje além de energia, de flexibilidade e potência no sistema elétrico. Observou que os estudos da PSR mostram que a necessidade e intensidade destes itens aumentarão ao longo das próximas décadas com a diversificação na matriz. Quais recursos conseguem fornecer esses serviços? Por exemplo, a transmissão, que não é olhada sob essa ótica é um recurso que traz flexibilidade ao sistema.
Marcelo Prais afirmou que a entrada do preço horário começará em 01 de janeiro de 2021 porque é uma necessidade. Há 20 anos havia reservatórios com capacidade de acumulação maior, fazendo um colchão em relação à carga. Hoje a carga cresce, a capacidade de regulação pelos reservatórios diminui e a variação das fontes aumenta. As etapas clássicas de planejamento, programação, operação ficam difusas e naturalmente as decisões de despacho que eram tomadas com antecedência acabam acontecendo em tempo real.