Presidente da Argon Energias, Moacyr Carmo, é entrevistado em matéria especial do broadcast Estadão; jornal o Estado de São Paulo sobre o mercado de energia.
Confira:
29/01/2021 20:19:18 – AE ENERGIA
COMERCIALIZADORAS TEMEM QUE ALTERAÇÕES NA VAZÃO DE BELO MONTE AFETEM PREÇO DA ENERGIA
Por Wilian Miron e Wagner Freire
São Paulo, 29/01/2021 – A decisão do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) de determinar que a concessionária Norte Energia, dona da hidrelétrica Belo Monte, execute a vazão máxima da água para o rio Xingu entre 1º e 7 de fevereiro, chamou a atenção das comercializadoras, que temem por um aumento no preço da energia.
Segundo agentes do mercado ouvidos pelo Broadcast Energia, o impacto sobre o custo da energia deve ocorrer no médio prazo, uma vez que o Ibama tem feito ajustes mensais na vazão do rio Xingu e, devido a uma regra do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), a medida precisa ser adotada com 30 dias de antecedência para ser incorporada na formação de preços.
Por outro lado, com Belo Monte produzindo menos, outras usinas terão que fazer a compensação dessa energia, disse o presidente da Copel Energia, Franklin Miguel. “Nossa maior preocupação é que vá para o preço, por enquanto não está indo, mas na medida que o Ibama faça esses ajustes, acaba repercutindo de forma indireta porque está retirando água dos reservatórios de outras usinas”, comentou.
A visão do presidente da Copel é semelhante à do sócio da comercializadora Capitale Energia, Rafael Mathias. Para
ele, do ponto de vista de mercado, a medida traz insegurança para os investidores. “Vai fazer preço de alguma forma,
mesmo que não seja agora, porque essa conta chega em algum momento”, comentou.
Esta preocupação dos agentes do setor elétrico em relação aos efeitos que a medida do Ibama pode trazer encontrou
amparo em uma análise prévia da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que na última quarta-feira encaminhou um ofício ao órgão ambiental alegando que alterar o volume de água utilizada por Belo Monte pode gerar uma conta de aproximadamente R$ 1,3 bilhão aos consumidores apenas entre janeiro e fevereiro.
Esta cifra seria decorrente do acionamento de mais geração térmica para compensar a redução na produção da usina,
lembrou o presidente da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel), Reginaldo Medeiros.
“Vão fazer o consumidor pagar uma conta na energia por decisão diferente do que foi acordado para a liberação do
projeto”, disse.
Já o presidente da Argon Energias, Moacyr Carmo, também vê a decisão como desfavorável para o setor elétrico e
afirma que se o hidrograma proposto pelo Ibama for adotado, trará um prejuízo claro e grande para o setor. “Se isso
acontecer, podemos ter R$ 100,00 a mais no preço da energia”.
Diante da situação, o presidente da Comerc Energia, Cristopher Vlavianos, afirmou que neste momento o Ibama
precisa avaliar a necessidade de alterar a vazão “e acompanhar periodicamente os limites que estão sendo implementados para que o impacto no consumidor seja minimizado ao máximo, de forma a não prejudicar por excesso de zelo”, afirmou.
Decisão
Mais cedo, reportagem do Broadcast revelou que o Ibama havia comunicado a decisão à concessionária Norte Energia, e que, com a determinação, a empresa será obrigada a liberar, a partir de segunda-feira e durante uma semana, 10.900 metros cúbicos de água por segundo, conforme prevê o cronograma provisório estabelecido pelo Ibama. A Norte Energia e o Ministério de Minas e Energia (MME), que acionou toda a cúpula do governo para derrubar a decisão do órgão ambiental, queriam que essa vazão se limitasse a 1.600 metros cúbicos (m³) por segundo.